16.5.06

Embarques e desembarques.

Adoro aeroportos. Fico fascinada pela idéia de que a grande maioria das pessoas em qualquer um deles está em trânsito, em movimento. Marrakesh, Helsinque, Tóquio, Quebec, Buenos Aires, Nova Iorque, Rio de Janeiro, Havana, Santiago, tantas possibilidades. Sempre quis ir a Santiago, conhecer o Chile, os Andes. Nunca fui, tão aqui pertinho. Na maioria das vezes viajo só, acho até melhor assim. Já viajei com outras cinco mulheres da minha família, casamento de um primo que mora longe. Uma palavra resume a experiência, desastre. Prefiro viajar solo. Eu, um café com menta, uma revista com uma capa bonita e colorida, uma música boa, e minha mochila repleta de ambições sigilosas. Acompanhada apenas da sensação de inconstância, de movimento, de alternativas. Cada portão me guia para um lugar totalmente novo, basta sentar numa mesma poltrona desconfortável por algumas poucas horas. Fico encantada com o fato de embarcar numa aeronave com dezenas de pessoas que desconheço, todos voando numa mesma direção com propósitos tão opostos. Alguns retornam, outros deixam para trás, muitos sonham, e existem ainda aqueles que não percebem, que não se deliciam com o momento, muito preocupados com coisas sem importância ou pelo menos sem igual importância. Eu aproveito em silêncio. Preciso viajar logo. Colocar um tênis e um jeans confortável e ser apenas mais uma desconhecida, mais uma passageira, naquele mar de gente imersa numa estrutura arquitetônica fria, gigantesca, cercada de paredes de vidro, à procura de alguma coisa... alguma coisa inefável*.

*que não se pode nomear ou descrever em razão de sua natureza, força, beleza; indizível, indescritível.

Um comentário:

Anônimo disse...

é isso, rafa! bingo.
e ainda tem aquele pensamento quando a gente viaja só: a gente está mais aberta a conhecer! são tantas pessoas..
sempre tive vontade de encontrar um ser humano bem especial num desses momentos avião, sala de espera, aeroporto..