1.12.09

Engano meu.

Esse negócio de pular é muito arriscado. Coisa de tentativa de suicídio romântico. E, do amor, eu não espero provação. Do amor, eu quero paz. Me doou em troca de paz. Repeti isso tantas vezes. Ainda assim, você esqueceu de me dar a mão. Levantou a voz. Negou-se a ir comigo à cerimônia e me abandonou no altar fantasiada de verde-abacate da cabeça aos pés. Foram naqueles alguns últimos dias que tudo sumiu. Desapareceu. Virou brinquedo, memória desimportante. Apagamos meu reflexo na tua janela, nossa cozinha vermelha, discografias completas. Ficou tudo: nada. O nada mais cheio dessa babilônia, transbordando de nada significante.

"belezas são coisas acesas por dentro
tristezas são belezas apagadas pelo sofrimento
lágrimas negras saem, caem, dói"

um jisei

"Escrevo, apago, reescrevo
apago, e então
a papoula se abre"


Hokushi, morto em 1718