12.10.07

Je ne t'aime plus.

Eu quero tanto descobrir o caminho da minha nova casa. Minha, só minha, minha, minha. Minha privada limpinha, meu copo de uísque, meu quadro na parede, tudo tão estável. Quero pensar em outra coisa, concentrar na reforma, na mudança, nos detalhes fúteis que só importam a mim. Qual cor? Essa ou aquela cadeira? Parcela em quantas vezes? Aceita Visa? Eu estou tão cansada de ter minha cabeça em você que seria capaz de te dar tudo o que tenho por um pouco de calma, um cigarro e uma brisa sem consequência. Estou enlouquecendo. Fico pensando se devo ligar, se me rendo em troca de quase nada. Estou cansada. Pássaros invadem meu quarto à noite, corujas sangrando, olhos fixos no teto branco, sonhos de morte. Quero ser feliz. Estou escorrendo, sangrando, fedendo, feia, chata, abusada, sem graça. Ainda nem escovei os dentes hoje e há dois dias que não tomo banho. Estou sozinha e sem saber por onde você anda. Não me faça mais chorar. Pare. Você sabe o quanto eu ainda amo aquele que era tão sensível, que sabia como me fazer bem. Volta. Quero pintar o seu corpo todo com meus dedos mergulhados em cores primárias de guache, depois sorrir por sorrir. Quero me fingir de morta, correr em círculos e dançar no intervalo da novela. Todo dia de novo. Com você, aquele que me dá paz em troca de nada. Minha velha casa.

Eu imploro, parem a demolição!