1.12.09

Engano meu.

Esse negócio de pular é muito arriscado. Coisa de tentativa de suicídio romântico. E, do amor, eu não espero provação. Do amor, eu quero paz. Me doou em troca de paz. Repeti isso tantas vezes. Ainda assim, você esqueceu de me dar a mão. Levantou a voz. Negou-se a ir comigo à cerimônia e me abandonou no altar fantasiada de verde-abacate da cabeça aos pés. Foram naqueles alguns últimos dias que tudo sumiu. Desapareceu. Virou brinquedo, memória desimportante. Apagamos meu reflexo na tua janela, nossa cozinha vermelha, discografias completas. Ficou tudo: nada. O nada mais cheio dessa babilônia, transbordando de nada significante.

"belezas são coisas acesas por dentro
tristezas são belezas apagadas pelo sofrimento
lágrimas negras saem, caem, dói"

um jisei

"Escrevo, apago, reescrevo
apago, e então
a papoula se abre"


Hokushi, morto em 1718

20.11.09

Eu tô na minha.

Eu, que sou apenas um punhado de amor em forma de corpo, fico paralisada no meio do conflito. Despida no meio da guerra. Sua raiva turva me desconcerta profundamente. Seu desequilíbrio e sua inveja doente enebriam minha audição, cegam meu paladar. Me derramo toda no chão; feito Leite, escorro. Socorro. Seco toda. Evaporo. Pingo. Choro. Soluço. Depois, me aprumo. Coloco uma flor no cabelo, uma corzinha na boca e sigo balançando feito uma canção de amor, com gosto de domingo. Pode até insistir em mudar minha trilha sonora, mas a música que embala meus dias, minhas noites, meus sonhos, minhas dores, meus amores, sardas e cabelos brancos é só minha. Um dia desses, ainda canto ela todinha pra você.

Por enquanto, meu bem, eu tô na minha.

27.9.09

Danúbio Azul

Desde a primavera passada, os dias dançam diferente, deslizam com a fluidez de um tempo sonhado. Lúcida(mente), o corpo reinventa o ponto de equlíbrio e a mão reescreve feliz a vida em dueto. As palavras rodopiam na ponta do lápis e tentam a todo custo registrar uma história flutuante. As letras saltitam inquietas incubidas da importante missão de escrever o balé mais azul, mas é no silêncio das nossas noites que tudo se explica em versos ritmados.

Meu amor, eu te escolho para dançar comigo todas as futuras valsas. No embalo da rotina diária, nos beijaremos no meio do salão. Todos do baile sorrindo em pensamento. Entendendo. Você é meu clímax e meu capítulo final. Minha tradição. Meu domingo. Minha trilogia onírica: meu desejo incontrolável, minha paixão shakespereana e meu amor de espírito. Eu já vinha te ensaiando há anos. Treinando, te arrodeando, preparando meu coração para entrar em cena, calçando a sapatilha certa. Agora, todo dia é dia de estreia.

Segura a minha mão e vamos juntos desvendar aos poucos a coreografia do nosso próximo ato. Borboletinhas no meu estômago.

25.8.09

In the privacy of our love.

Amor é calor. Ventilador de teto.
Já o frio, dormência. Ar-condicionado.

Você me olhou, por alguns instantes, vazio, distante, azul. Meu bem, eu congelei. Um frio desgraçado se enfiou no meu estômago. Desconforto, desencaixe, pele seca, dura. Eu, o que foi? Você, nada. Nada? Beijo que incomoda, cócegas, cabelo no nariz, na boca, joelho no lugar errado. Nada? E a mão? Essa que não agarra mais na minha cintura. A língua que já não me consome, o corpo que permanece imóvel. Nada? Só posso ter esquecido. Mas onde, meu Deus? Hoje, minha boca sofre, tentando a todo custo relembrar em qual dessas noites ela abandonou a manha, aquele molejo só dela de te endoidecer.

Amanhã, vou me enfeitar de vermelho, carmim, escarlate.

2.7.09

minha resenha.

um feio dia,
pediu pra não ser tema.
encarecidamente, minha coisa linda.
encarnecidamente, acabou comigo.

seu doido!
var-ri-do.
vai, ri! ri.
rá, rá. rá.

te digo: nem ligo.
fico é te relendo,
desde obla-di. blá, dá?
dá que eu sei.

tantos outros depois daquele.
tudo meu. tudo mel.
escorrendo, a garapa.
(es)correndo, o tempo.

eram uma doçura só,
aqueles nossos cinco minutos.

você - quem diria? -, o meu mel.
ai, mas esse quanto querer é todo torto.
quebrado. complicado. de ombro machucado.
grita cheio de abuso: me endireita!

eu suspiro cheia de manha:
traz de volta o açucar, benhê.
cheio de inho e zinho. anda correndo.
aproveita que tem tempo, escorrendo.

corre, que é mais ainda.
bem mais que esse arengue.
bem além da paciência de explicar.
anda, meu dengue,

que é uma doçura só,
essa nossa história.

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sempre que dá, vou até o méxico
só pra pescar você,
que esperava me ver correndo
e só me viu andando. por aí,
de mãos dadas com as pessoas erradas.


e a vida?
essa é um sopro.
(niemeyer)

21.6.09

no meu jardim.

1.6.09

what was that you tried to say?

yesterday I woke up sucking a lemon
everything in its right place

10.5.09

Notas de viagem: dessa vez, em Salvador

1| a chuva
santa chuva? dessa vez, só muita chuva. o povo todo cansado do céu desabar e eu de mal com a água, ela não deixava o meu coração voltar pra mim. foram quatro horas assim: chuchu parado no trânsito, seguindo carro escolar, subindo calçada, inventando caminho. eu, assistindo tudo na telinha: não passa, tá tudo parado, o parque da cidade também, canal transbordou, dick também, caiu casa, morreu gente, era tudo jovem. mãe chorando, tia, irmã, prima, amiga, e a chuva, chorando, lavando. o povo de casaco, bota e cachecol no meio da rua, do shopping. sabe de uma coisa? cada vez, gosto mais dessa cidade. dessa gente de todo jeito. até inundada, com mar revolto e de roupa de frio, é uma boniteza de se ver.

2| o rato
encontramos o autor das caquinhas nojentas e das mini-mordidas nas bananas. o bichinho nem sabia, mas amanheceu o dia jurado de morte. sol chegou naquela terça-feira decidida, ia encontrar o "morcego". segundo ela, tinha pesquisado na internet e viu que quem gostava de fruta era morcego. com certeza, era morcego. mas no nosso caso, era um ratinho geração saúde, apreciador de frutas fresquinhas, bolachinha doce e macarrão integral. não mataram, mas levaram o pequeno numa caixa e soltaram na garagem. nesse mesmo dia, à noite, um barulhinho de patinhas pequenas e apressadas. nos entreolhamos. tu ouviu? ouvi. será que é o nosso ratinho? não sei, vou lá ver. e aí? é, não vi nada. vamos dormir, meu bem. dá um beijo aqui e te enrola em mim. deixa o ratinho comendo banana.

3| a inflamação
no DIA do show (ai, que chato). ele queria tanto ir pra esse. aí eu caio com febre, dor de garganta, dor de cabeça, moleza, vontade de afundar, o corpo palpitando. febre alta que passava e voltava. garganta que piorava e melhorava. resultado: casa, nada de reggae. ainda tentei, "vamos, meu bem. a febre passou. a gente aproveita que é só a garganta, passa um tempinho lá e volta logo". impossível, ficamos. mas ficamos super bem acompanhados, concurso miss brasil 2009. live from são paulo. divertidíssimo. e o plural de miss? é misses? "chuchu, sabe o que eu queria de verdade? sorvete". ele sai na chuva, diz que volta rapidinho e chega cheio de coisa. melzinho, spray pra garganta, pastilha que deixa dormente, termômetro e dois tipos de sorvete très chique. "é, só eu sei quanto amor eu guardei sem saber que era só pra você", deu vontade de cantar, mas minha voz é tão ruinzinha. ficou só no pensamento. a gente vai dormir e eu acordo chorando, dor. muita dor. ele me leva no hospital. cedinho. fala pro médico o que eu tava tomando, segura minha mão, cobre na hora da agulha, conta a história do leite, me beija sentado na cadeirinha e me leva pra casa. faz suco de laranja fresquinho, sanduíche de queijo, beijo e abraço. e assim, eu vou embora, mais apaixonada ainda pelo meu doidinho.

28.4.09

O mundo é nosso | We have one chance*

Bela, bela, mais que bela, o seu nome. O seu nome era? Perdeu-se na confusão de tanta noite e tanto dia. Mesmo assim, não consigo pensar em nada mais certo do que ela. Longe, já me fez feliz. Perto, fez mais. O seu nome era? Era? Perdeu-se na carne fria, na profusão de coisas acontecidas. Ainda assim, só me sinto completo com ela. Bela, bela, mais que bela, linda. Minha flor, água, lua, aurora, princesa, deusa, gata, menina. De que importa um nome? Te dou todos, tudo. Apenas me deixe a ter aqui, comigo, sempre.

Eu a achei aí no meio do mundo, da noite, que escorre, mas não escorre como escorre o dia. E foi numa noite que teimou em correr depressa, em ser diferente, que ela, bela aurora, preencheu essa lacuna. Esse vazio, cheio. Completamente, intensamente. Eu, apesar de um cara legal, sou apenas alguns metros de eu. Sou um corpo, uma massa, coisa. Um pouco de pé, alguns dedos, ombro, pulso, nariz e um certo jeito de rir. Eu, esse ser estendido no meio desse tempo que parece que não é. Mas é. Eu sou. Finito. Perdido no meio dessa minha noite, que é a mesma dela, mas tão diferente. Tic tAc tiC TAc. São tantas pequenas coisas diariamente desaparecidas. Esquecidas. Não vividas. TIc taC. Um perigo. Desconhecendo o desastre, as pessoas seguem andando pra cima e pra baixo com esses seus corpos longos e cheios de pernas. Corpos que escorrem. Apressadas, vão-se.

Mas pra onde?


- Ei, menina, volta aqui! Por favor, lua, bela, ela, gabriela, rafaela, traz teu baticum pra cá. Pode não parecer, mas eu gosto das pessoas e dentre todas as que já conheci, você foi a que mais adorei.
- E você, a que eu mais amei. Assim, absurdamente, loucamente.

* Plis, depois leia: Ferreira Gullar, "Poema Sujo"

20.4.09

Love in Motion: entre o Beijo e "Un Conte de Noël"



Amar é ser possuída pela vontade de ter por inteiro, todo ao mesmo tempo. De sentir o nariz e o dedo, a orelha e a bunda, a perna, o pé e o peito, o pescoço, o queixo, o cabelo e o pelo. Maintenant. Now! É um desejo de uma força imensa. Desejo de ficar suspenso no tempo. De pulsar. É um beijo que se transforma em um gigante humano. Em um todo, tudo ela e ele, tudo nó(s), formando um corpo impossível de separar em membros, mesmo que superiores.

Desse nó surge a beleza. Surgem eles, os filhos. Seres que falam com lobos e mariposas. E que mesmo quando ainda não existem são tão reais quanto a música que habita a casa. São. Saltitam por entre móveis velhos. Uivam quando bem entendem. Crianças, pequenos lobos. Lindas miniaturas do todo ainda coerente. Coisinhas que sorriem com as explosões de cor e com a voz do avô-sapo. Criaturas que beijam a mãe. Encantam o pai. E fazem questão de dormirem fantasiadas de príncipes e princesas. As crianças são o amor. O resultado do nosso beijo.


Minhas inspirações:
"Retratos in Motion: o Beijo" de Luis Duva (2005). Take a look.
"Un Conte de Noël" de Arnaud Desplechin (2008). Voilà!

15.4.09

Segundo eles.

Segundo Jorge Luis Borges,
a dublagem é uma máquina criadora de monstros.
Eu concordo. Ora colhões!

Já segundo Arlindo Machado, essa dublagem aqui é boa:
A-phan-ousia, de Maya Watanabe.
E eu também concordo. Oui, oui. Watanabe wanna be.

30.3.09

Dica 2 de 6.

2. Respeitar os seus desejos.
A máquina de desejar do homem é muito frágil. Enguiça com muita facilidade. Se você me convidar para tomar um sorvete e eu digo "Ah, não quero não", é capaz de você desistir de tomar o sorvete. E este será um sorvete a menos na sua vida. Porque desejar é viver. O desejo é a fonte de toda saúde, de toda produtividade. Ele tem que ser cuidado, respeitado. O menor desejo de um homem deve ser atendido o mais depressa possível. Se contrariarmos muito alguém, por exemplo, obrigando-o a acordar todos os dias às 6 horas da manhã para ir trabalhar naquilo que não gosta, a máquina quebra. Depois de algum tempo, esse homem não deseja mais nada. E, não desejando, deseja o mal. Não deixe isso acontecer com você. Todo mundo tem que fazer o que gosta. Todo mundo tem que ganhar dinheiro no final do mês para pagar as contas. O Herói Moderno, o sábio, o gênio moderno, é aquele que consegue unir essas duas coisas. Esse deveria ter as suas mãos beijadas nas ruas.

* Domingos Oliveira, para a revista Bravo!

29.3.09

Chuchu em: Uma História de Amor

Um dia, a gente acorda decidida. Ô coisa maravilhosa é ser mulher, o sexo forte. Um dia, sem muita lógica cartesiana, a dor sentida passa e aí é tudo diferente. Nesse dia, a gente faz tudo certinho - viva nosso sexto sentido. Vai pros lugares certos, acompanhada das pessoas certas, age do jeito certo, anda certo, olha certo. No alvo. E foi num diazinho desses que apareceu o chuchu. Um dia certo.

Apareceu na altura certa, com a voz certa, o cabelo desarrumado do jeito certo, a doçura certa para mim, o olhar certíssimo. Sentou ali no chão do meu lado, acendeu um cigarro e eu, já que era um dia da-que-les, aproveitei e fiz questão de perguntar a coisa acertada:

- Seu aniversário é hoje mesmo?
- Não, é só segunda.
- Sério? O meu também.


Desde então, ele é meu chuchu.
(e não largo mais mão dele por nada nesse mundo)

22.3.09

entre dois sofistas pós-modernos

antes de começar, só uma coisinha:
nós é que somos falados pela língua e não o contrário, meu bem.


é muito engraçado como às vezes eu não sei o que espero das pessoas e muito menos o que espero que elas esperem de mim. engraçado nada, angustiante. tudo que é exposto fica parecendo que deveria ter sido dito de uma maneira diferente, usando outras palavras. mas não! o problema mesmo é que alguns de nós (não me excluindo do seleto grupo) sabem usar essas tais de palavras com o intuito claro de confundir. falam horrores para despertar o interesse daquele que andava cochilando pelos cantos e quando acordam o pobre-coitado não dizem mais quase nada além de umas poucas frases soltas. contam assim como quem nem faz questão de contar. só para gerar aquela duvidazinha malvada. será que a pessoa realmente não se importa mais? ou é só para maltratar? será que é só para dizer sem precisar gritar:

QUER MAIS?!?
pois vem pegar que eu não dou mais na boca não, ba-by.


"depois que você me acordou, tentar dormir de novo está quase impossível", mas como ainda é só uma dúvida, fica tudo no plano da ponderação e ação que é bom, nada. nadica de nada. às vezes, acho que é uma verdadeira pena, já outras, pra falar a verdade, nem sei.

20.3.09

Do momento imóvel fez-se o drama.

O drama normalmente decide fazer-se presente quando está indo tudo bem, ou tudo lindo, como dizem por aí. No momento mais improvável, o problema ganha corpo, nome, idade, sexo, estado civil, endereço e, nos dias de hoje, até um perfil no orkut. Mas dessa vez, e pela primeira vez (ando passando por sérias reformas internas), eu decidi segurar as pontas, os lados, as linhas e entrelinhas. Engoli quase todas as mil perguntas, calei as inquietações infantis e lutei bravamente contra meus impulsos mais irracionais, mesmo que estes ainda continuem sendo, na minha opinião de boa libriana, os mais deliciosos.

(Abre parênteses)
Não há nada mais irresistível do que o momento de tensão preso entre o suspiro que segura uma palavra à outra, pronunciadas devagar e ao seu ouvido. Palavras que normalmente encontram-se imersas num diálogo onde não se dá atenção ao conteúdo mas apenas à movimentação dos corpos envolvidos. Dois seres que almejam a colisão.

O alfabeto torna-se responsável pelo destino dado a quase uma vida inteira. Onde eu enfio essa próxima letra? Deixo-a lá ou trago-a para dentro de mim? Se faço isso, ela irá viver sem ser pronunciada, sem cumprir sua função básica de palavra. Milhões de outras a seguirão a fim de insistir no impossível, explicar o motivo do mergulho, do êxtase.

Depois de escolher o caminho das palavras, depois de sugá-las com a força de quem deseja o choque, a triste descoberta é inevitavelmente feita: o que muitas delas significam para mim é cruelmente menos do que o que eu desejava. A partir daí, todas as sílabas pronunciadas, com ou sem cuidado, passam a ganhar mais força e importância que o abraço e o beijo. Ah, e como era bom, o beijo.

Pronto. A tragédia está instalada.
(Fecha parênteses)

14.3.09

contatos imeioulísticos

a-do-ro! e o de hoje deixou meu sábado "mega-charmoso",
como eles dizem pras bandas de lá.

é uma coisa louca-ca,
essa coisa de não entender o que diabos é esse negócio.
e viva 2012, um ano que um dia há de chegar.

serão 31 primaveras. 3-1=2.
uma boa idade, não?

beijoemeliga.

13.3.09

sobre o ciúme

é ele! com certeza, é ele.
o grande culpado por essa coceirinha desagradável.
aí, minha amiga, controla dali, segura daqui, aperta de lá, de acolá,
e a gente vai levando, a gente vai levando,
a gente vai levando essa manha. lá, lá ri, lá lá...

(só pode ser manha)
(mas, na real, manow, espero que ela seja baixa, gorda e fedorenta)
(aí em cima, não me culpe. culpa dela, maldita coceirinha)

7.3.09

o ponto de partida

[aqui, falo de mim]
um coração partido dói em silêncio profundo,
dilacera e impõe um tipo estranho de ponto final: "."

aí, já viu, né? inevitável.
uma coisinha linda e sem nome, lá dentro, morre.
:: babe, try, try just a little bit harder

25.2.09

Soneto

Por que me descobriste no abandono
Com que tortura me arrancaste um beijo
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morta de sono

Com que mentira abriste meu segredo
De que romance antigo me roubaste
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem, morta de medo

Por que não me deixaste adormecida
E me indicaste o mar com que navio
E me deixaste só, com que saída

Por que desceste ao meu porão sombrio
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morta de frio

* Chico Buarque