28.4.09

O mundo é nosso | We have one chance*

Bela, bela, mais que bela, o seu nome. O seu nome era? Perdeu-se na confusão de tanta noite e tanto dia. Mesmo assim, não consigo pensar em nada mais certo do que ela. Longe, já me fez feliz. Perto, fez mais. O seu nome era? Era? Perdeu-se na carne fria, na profusão de coisas acontecidas. Ainda assim, só me sinto completo com ela. Bela, bela, mais que bela, linda. Minha flor, água, lua, aurora, princesa, deusa, gata, menina. De que importa um nome? Te dou todos, tudo. Apenas me deixe a ter aqui, comigo, sempre.

Eu a achei aí no meio do mundo, da noite, que escorre, mas não escorre como escorre o dia. E foi numa noite que teimou em correr depressa, em ser diferente, que ela, bela aurora, preencheu essa lacuna. Esse vazio, cheio. Completamente, intensamente. Eu, apesar de um cara legal, sou apenas alguns metros de eu. Sou um corpo, uma massa, coisa. Um pouco de pé, alguns dedos, ombro, pulso, nariz e um certo jeito de rir. Eu, esse ser estendido no meio desse tempo que parece que não é. Mas é. Eu sou. Finito. Perdido no meio dessa minha noite, que é a mesma dela, mas tão diferente. Tic tAc tiC TAc. São tantas pequenas coisas diariamente desaparecidas. Esquecidas. Não vividas. TIc taC. Um perigo. Desconhecendo o desastre, as pessoas seguem andando pra cima e pra baixo com esses seus corpos longos e cheios de pernas. Corpos que escorrem. Apressadas, vão-se.

Mas pra onde?


- Ei, menina, volta aqui! Por favor, lua, bela, ela, gabriela, rafaela, traz teu baticum pra cá. Pode não parecer, mas eu gosto das pessoas e dentre todas as que já conheci, você foi a que mais adorei.
- E você, a que eu mais amei. Assim, absurdamente, loucamente.

* Plis, depois leia: Ferreira Gullar, "Poema Sujo"

20.4.09

Love in Motion: entre o Beijo e "Un Conte de Noël"



Amar é ser possuída pela vontade de ter por inteiro, todo ao mesmo tempo. De sentir o nariz e o dedo, a orelha e a bunda, a perna, o pé e o peito, o pescoço, o queixo, o cabelo e o pelo. Maintenant. Now! É um desejo de uma força imensa. Desejo de ficar suspenso no tempo. De pulsar. É um beijo que se transforma em um gigante humano. Em um todo, tudo ela e ele, tudo nó(s), formando um corpo impossível de separar em membros, mesmo que superiores.

Desse nó surge a beleza. Surgem eles, os filhos. Seres que falam com lobos e mariposas. E que mesmo quando ainda não existem são tão reais quanto a música que habita a casa. São. Saltitam por entre móveis velhos. Uivam quando bem entendem. Crianças, pequenos lobos. Lindas miniaturas do todo ainda coerente. Coisinhas que sorriem com as explosões de cor e com a voz do avô-sapo. Criaturas que beijam a mãe. Encantam o pai. E fazem questão de dormirem fantasiadas de príncipes e princesas. As crianças são o amor. O resultado do nosso beijo.


Minhas inspirações:
"Retratos in Motion: o Beijo" de Luis Duva (2005). Take a look.
"Un Conte de Noël" de Arnaud Desplechin (2008). Voilà!

15.4.09

Segundo eles.

Segundo Jorge Luis Borges,
a dublagem é uma máquina criadora de monstros.
Eu concordo. Ora colhões!

Já segundo Arlindo Machado, essa dublagem aqui é boa:
A-phan-ousia, de Maya Watanabe.
E eu também concordo. Oui, oui. Watanabe wanna be.