25.4.06

Constelação imaginária.

Aos doze anos depois de um pequeno episódio de rejeição, meus pais me mudaram de escola como de costume, e eu entrei no meu sexto novo colégio. Estava começando a quinta série. Minha mãe comprou cadernos novos, mochila nova, canetas, lápis e borrachas novas. Estranha filosofia essa de que se tudo fosse novo, eu seria uma nova pessoa. Eu até tentava, mas depois da primeira semana, nada era novo inclusive eu. Estava deprimida; mas na época eu não sabia que era mais triste do que as outras crianças, eu apenas as achava diferentes e estúpidas.
Como sempre, eu detestei meu novo colégio, então criei vários joguinhos imaginários para passar meu tempo. Eu comprava dezenas de balinhas e ia distribuindo pelo chão do colégio e observando a reação das pessoas que as achavam ou pregava moedas nas paredes para formar uma constelação imaginária. Eu sempre observei, mas como não fazia barulho e quase flutuava pelos corredores, nunca pensei que pudesse chamar atenção suficiente para ser objeto de observação.
No final, como qualquer história real, eu não fiz nenhum amigo; e com o término do ano letivo, o colégio pediu para os meus pais me retirarem da escola, pois eu não conseguia me adaptar. Ainda hoje não considero fácil nenhum tipo de adaptação, e ainda por cima tenho um sério problema de audição e reumatismo. Acho que nasci para a introspecção e inquietação.

2 comentários:

Anônimo disse...

que bom que foi desse jeito.
se não tivesse sido talvez tu não fosse como tu é hoje

Anônimo disse...

meu Deus! acho que desde os 12 anos já ia querer ser tua amiga, rafa. hehe! a inquietação me apetece. :)

que pessoa maravilhosa que eu tenho por perto. :) um beijoo!