4.5.07

Minha mãe me chama de cigana.

Com o primeiro, foi para a vida toda. Com o segundo, foi eterno. Com o terceiro, até o fim. Com o último, até eu parar de existir por aqui. E agora, para sempre? Realmente, essa coisa de tempo é uma invenção idiota, desculpem a escolha da palavra, dura, grossa, grande, pesada, mas eu já não acredito mais em tempo. E esse monte de palavra, cuspida, essa tentativa inútil de se apropriar dessa coisa doida, desse negócio que passa, mas não passa, que anda, mas é devagar e é rápido, que faz tudo sumir e um monte aparecer, essa coisa louca, essa coisa... uma delícia. Eu quero mesmo é que passe, passe tudo e fique apenas o que se modifique, o que é bom, o que é sempre sorriso. Quero mesmo é esquecer um monte de detalhe, esquecer dias e meses, mas lembrar do abraço e do cheiro, do cabelo, do óculos embaçado e do suor, da perna e do peso. Quero mesmo é não entender, que é para poder pensar e sonhar e desejar o novo de novo, o diferente, o ausente. Não quero esse negócio de ter certeza, coisa de para sempre, quero nada. Quero é sentir frio na barriga, apaixonar todo dia, por tudo, todo mundo, todo canto, pelo encanto e pelo beijo, aquele nó, aquele vento, a pele marcada. E quero fazer tudo isso olhando para o mar, transbordando em oceanos, pode ser pacífico, atlântico ou índico, e que venha o vermelho, o azul, o amarelo, as cores, os temperos e texturas. Sou sim, sou cigana, uma cigana do mar, cigana do tempo, uma doente por sentimento. E já aviso: cuidado! Eu me alimento de todos vocês, sou canibal de gente.

3 comentários:

Rodrigo Colares disse...

hehehe... muito massa.

é melhor não saber. =]

Anônimo disse...

amiga, se garantiu. muito, muito lindo.
to toda mordida de vc.
coisa querida que eu ama.

Lia Sancho disse...

AMIGAAA LINDAA...
insperaçãoo..encanto..paixao e magica..
te adoroo rafa lindaa

sua fã numero 1!!!