15.2.07

Era uma vez uma menina chamada Ela.

Ela não sabia como se relacionar com esse negócio arriscado de amar, então, logo cedo, decidiu não se envolver, tirar o time de campo e fugir - fingindo que não fugia - de qualquer relacionamento que beirasse alguma seriedade; a distância sempre dava uma mãozinha. Um dia, essa mesma distância virou a madrasta má; a menina já não queria mais o fim, queria uma reprise da abertura, almejava o clímax e o para sempre a apetecia. O longe já não era mais o novo e o desejado; era a tortura, era o não saber, a maldita insegurança. Ela mudou, virou inimiga dos quilômetros, dos dias, dos meses, do frio; depois ficou triste, pálida, meio esverdeada. Passou um bom tempo com a alma presa por um alfinete, até ele enferrujar e restarem apenas farelos da menina de antes espalhados por todo lado no piso de taco antigo e barulhento. Demorou um pouco até alguém varrer aquela bagunça e a jogar no lixo do banheiro, sem a delicadeza de perceber o solitário fim daquela menina amiga da distância e do frio. Isso tudo porque Ela não conseguia mais falar em voz alta que podia ser feliz de um outro jeito, de um jeito sem ele.

3 comentários:

Anônimo disse...

belo, amiga. cheguei no mesmo piso, mas nao restavam mais farelos dEla. espero que devido a uma reconstituição. comigo acho que vai ser ao contrario. se existirem farelos no chão agora talvez sejam meus. mas estes prefiro mesmo varrer pra debaixo da cama. e aos poucos, ser nova, limpa. como se fosse preciso trocar de pele para se renovar. beijo, amada.

Anônimo disse...

eita!olha o q eu achei aqui! nem sabia disso...

cecília niña disse...

o medo de ser ela, mas um dia todo mundo acaba sendo uma vez, duas, três..

ei, nem estou mais dormindo para despertar. agora o meu é cielo de palomillas. mudaí menina!

beijo,
fernanda.