18.3.07

Dia de casamento.

O padre falava português com um sotaque gostoso, não usava palavras rebuscadas e conseguia falar direto com o meu indisciplinado palpitante. Não fui capaz de decifrar a origem daquele orador simpático, talvez italiano ou até mesmo americano. Isso nem importava tanto, estava feliz de ele haver sido colocado ali na minha frente para bater um papinho comigo, acalmar meu espírito. Eu estava toda de verde, um verde encantado e perdido, apesar de preferir estar a dois e em cores. A cor que zombava de mim era a cor perfeita para aquele meu dia triste, dia que eu queria que desaparecesse no meio dos dias apagados, no meio daqueles tantos outros que perderam o charme. O padre gringo percebeu aquela minha aura sem luz, olhou para mim por alguns segundos, em silêncio profundo, e falou com delicadeza ao meu ouvido. Foi um sussurro quente, do tipo que dá um sopapo lá dentro e você finalmente é capaz de chorar a par do motivo; lágrimas doídas, cheias de verdades antes camufladas. Ele me confidenciou uma afirmativa simples: amor é cuidado. E só então fui capaz de enxergar que aquele foi o dia em que soltamos as mãos.

Um comentário:

Anônimo disse...

é sim. é mesmo..

enquanto eu tava lendo, a radio tocou modest mouse.

=)
beijo, querida