11.4.12

sobre estar quase lá

a chuva chegando, vento, pescoço mole, cerveja quente, bateria arriando, e eu, quase lá. quase indo, quase aceitando, quase acreditando, quase sendo eu. dividida entre a reforma e a renúncia. é sempre: sigo em frente ou insisto no difícil que parece impossível? que parece que eu não mereço, que parece ser nunca. nunca lá, nunca adulta, nunca só, nunca feliz, nunca mãe, nunca mulher, nunca filha. sempre essa coisa menina. corre! fugir é deslumbrante, minha eterna tentação de desconhecida. de estranha, novata. mutante. de chegar do zero, do nada. folha em branco. ser outra pessoa em outro lugar, sempre igual. sempre bebendo vodka e red bull na aula de literatura, mas pensando no cigarro abaixo de zero. cadê você? a menina sumiu, medrosa, se escondeu. agora, só me resta eu.

1.3.12

dois mil e doze

6.1.12

reinventando a rafa

é essa a sensação que eu tenho do ano de dois mil e onze, um ano de profunda reinvenção e reforma interna. ano recheado de desapegos e despedidas silenciosas. de descoberta de novos talentos e valores. de invenção do futuro. de cultivo do amor. ano em que tive certeza de ser capaz de muito mais do que imaginava e de entender o que realmente importa. amor importa, amizade importa, família importa, felicidade importa, cuidado, carinho, atenção, dedicação, vontade, desejo, sinceridade, tudo isso importa. 

foi um ano em que aprendi muitas vezes pelo caminho mais difícil, pontuado por lágrimas, coração apertado e terapia. mas aprendi! e agora está tudo ancorado no meu peito. azul, verde, amarelo, rosa, violeta, tudo no seu devido tom. dois mil e doze, seu lindo, venha que eu tô doida pra colocar tudo em prática. estou preparada para você, ano do amor. pode chegar chegando que eu sou uma nova mulher menina de trinta anos e coração limpo. 

24.12.11

dois mil e onze

ô saudade de olhar pra fora e enxergar pra dentro

3.11.11

em desencanto

quando desanda a desencantar
parece que não tem mais quem segure

ou será que uma flor e um beijo obram milagres?

24.10.11

Qual é o seu limite?

É sempre importante repensar nossos "até ondes" e "até quandos". Afinal, precisamos reconhecer quando alcançamos a beirada do nosso aceitável. Pro bem da energia vital de cada um.

5.10.11

ô coisa frágil é coração.

hoje, eu fiquei triste. triste de marré deci. minha mãe chegou e segurou meu coração como quem segura passarinho caído.

obrigada, mãe. hoje, já voltei a voar sozinha. 

27.7.11

Atenção, amor, cuidado.

Bem que ele dizia: "viver é muito perigoso".

Eu acho lindo esse jeito do Rosa de falar, mas custei a entender a dimensão desse breve dizer. Acabei aprendendo na marra mesmo.

Algumas palavras minhas machucaram profundamente alguém a quem eu quero muito bem. Fui a grande responsável por abrir uma ferida que tem custado a sarar. Errei, desapontei, dancei. Não fui tão atenta quanto deveria, tratei como trivial coisas que eram, na verdade, das mais importantes. Aqui, nem importa como ou porquê, não tem explicação ou detalhe que chegue. Todo dia, faço torcida para que o tempo seja generoso e não deixe uma cicatriz muito feia no que antes era promessa de uma bonita amizade.

Repito: "viver é muito perigoso". É preciso muito cuidado, sempre. Sentimento é coisa delicada e perder alguém é uma dor aguda, do tipo que o olho vê e o corpo inteiro sente. E eu sinto tanta falta dela. Do carinho, da companhia, de ir fazer a unha e conversar miolo de pote, de passear, falar besteira, falar de coisa séria, escutar, contar, estar lá. Ainda vou preparar a minha voz mais sincera e dizer assim com meu coração falando em voz alta: "sei que hoje é difícil de acreditar, mas se precisar, pode contar comigo, sempre, para qualquer coisa, estarei aqui esperando de braços abertos, doida pra te dar um abraço apertado".

Independente do desenlace:
obrigada por ter me ensinado uma grande lição.

26.7.11

Está lançado o desafio.

Acabei de chegar em casa depois da minha segunda sessão de análise. Voltei com a mente alongada no tempo e no espaço, mas ainda Perdidinha da Silva. Esta tarde, fiz um esforço terrível e declarei coisas que eu jamais me imaginei ouvir falando em voz alta, ainda mais para aquela senhora fria, distante, que não pega na minha mão e mal me deseja um “boa tarde”. Ela fica lá, no extremo oposto da sala, impassível, semblante imutável, sentada na mesma posição durante uma hora sem fim, com aquela roupa meio cafona, escutando tudo, anotando coisas mil. Enquanto eu, no meu canto, me rasgo em palavras, transbordo sangue e tatuo tudo quanto é sentimento na testa, desde os mais dolorosos até os mais proibidos. Estou literalmente me virando ao avesso e espero finalmente chegar lá!

Onde? Isso é o que eu ainda não sei.   

14.6.11

sobre meu abuso

Ando tão sem tema, tão sem drama. Parece mesmo que um certo sofrimento alimenta minha rotina de escrita. Nessas horas, só lembro do Proust, coitado, que passou anos trancafiado dentro de casa, choromingando em busca do tempo perdido, morreu e deu no que deu, uma obra prima. Enquanto hoje, os que vivem de romance, céu azul e palestras milionárias só saem em paperback, nada de folhas com bordas douradas ou uma lombadinha quadrada que seja.   

Insisti! Estava obstinada a não desistir das entrelinhas. Não que eu quisesse alcançar um status "proustiano", mas pelo menos almejava seguir alimentando estas minhas paredes. Procurei, procurei com gosto, até que finalmente encontrei um espinho.

Mas ô bichinho pra incomodar.

Vamos logo dando nome aos bois, aqui eu falo do tal do abuso. Olha que eu não sou de abusar muito, mas em relação a você, você e você, babes, ele é indomável. Abuso Mor. Daqueles que dá vontade de fazer carinha de nojinho - tudo no diminutivo mesmo - e bodejar algumas poucas palavrinhas que peguem mesmo nos seus calinhos, os quais eu conheço melhor do que eu gostaria. Felizmente, minha educação católica zen budista não permite.

Moral da história:
Se for pra falar disso, prefiro ficar sem escrever por mais um tempo. 

18.3.11

Tarde de Partida


O cenário parecia ter sido escolhido a dedo, uma verdadeira brincadeira de mau gosto. Era um sábado de um céu carrancudo, fantasiado de rosa-cinza, um dia molhado da cabeça aos pés. Parecia até abertura de um romance romântico barato. E foi nesse dia horroroso que a cidade chorou seu sumiço, junto comigo. Regamos sua morte com a ternura de quem viu o amor ganhar corpo, virar gente, virar dor, pó, um punhado de letras num papel.

Meu estômago já estava bem treinado para receber a novidade que você ainda insistia em me esconder. Para o seu conforto, continuava fantasiando de querer tudo em paz, de amar tanto. Mal sabia que, enquanto isso, eu lia todas as suas traições, relia suas mentiras, resignificava, observava seus olhos desviarem dos meus, assim, sem ensaio, sem arrodeios. Seu amor desviava de mim com uma pureza que chegava a ser uma coisa linda. Eu, já quase sem palco, assistia suas palavras morrerem todas no céu da boca. Sílabas, frases inteiras, entaladas na garganta. Olhar cansado. Suspiros prolongados. E, quando mais espero, lá se veio a declaração: não sei como te agradar. Queria tanto ter te escutado tão puro como quando seu amor escapava de mim. Talvez: não tenho mais como te agradar.

Seu corpo gelado, duro, sem o gingado de carinho e beijo no cangote. Eu, morta. Meiga, doce, mole, frágil, boneca, dependente. Naqueles minutos, eu era só aquele nó na garganta. Mesmo depois de tanto adestramento, eu era ácido no estômago. Amarelo na alma. Pé na cabeça. Mas, ainda assim, mulher. Decidida a seguir em frente, a amar sempre mais.


Mesmo que eu, apaixonante.
E você, desapaixonando.
Baby, c'mon. Até o próximo eu. 

8.1.11

eu e você, aos pingos

Entre palavras tortas e sorrisos enebriados, ele seguia, satisfeito com verdades incompletas e com a cabeça nas nuvens. Eu, sentada naquele chão imundo, rodeada de paredes rosas e lençóis amarelados, perseguida por um ventilador insistente, me sentia traída, cansada, ca-sa-da, lançada. Durante dias, assisti calada o amor evaporar aos pingos e barrancos. O que aconteceu com aquele menino que segurava a minha mão com a maior leveza do universo? Segurava. E, aqui e acolá, salpicava um doce. O menino sumiu. Fugiu. Cansou. Casou. Comigo, no escuro, na correria.

Pra viajar no feliz, comecei a lembrar da música, da cozinha vermelha, das noites recheadas de cerveja e conversas despretensiosas. Nada de teorizar demais, mas muito de viver de tanto. Intensamente. Até altas da madrugada. Aí senti saudade das brigas e do beijo afobado com o dia amanhecendo do lado de fora. De sentar no colo, de correr entre um novo amigo e outro. Entre aquela música e outra. Risos, bar ruim, novidade, arte, cerveja, teatro, bar bom, show, cinema, livros, contos, autores, atores, sorrisos, artistas, músicos, poetas.

No entanto, aqui estou eu, do seu lado, invisível.
Aqui, na minha.

20.11.10

"a despedida"

Entre a gente foi assim, sem cerimônia. Nada de social. No final, deixou um gostinho doce azedo de tudo-logo-volta-ao-seu-lugar. Mas foi bem massa. Sem a loucura e com ginga de amor antigo. A energia boa estava lá, presença inegável, vibrando no ritmo certo. E, pegando carona na emoção, apareceu a bendita fumacinha verde, que rondou incansável a noite inteira. Meio bêbada, ela sondou doidinha, dançou, se achegou, e insistiu em engolir nós dois como naquele tempo em que andávamos a sete por quatro. E se, vem cá, vai lá, vá, não, fique, volte, siga em frente, volte atrás, deita aqui pertinho, vem, pode entrar. E foi e não foi. Meu bem, é tanta coisa entre lá e cá. Então, satisfeitos mais ou menos, a gente segue seguindo. Amando, lembrando, sentindo falta, querendo mais. Outras vezes, querendo menos. Sempre com a impressão de que alguns goodbyes ainda estão desenhados nesse nosso caminho rumo ao espaço sideral.


Por enquanto, pra você, um beijo e até a volta.

you're my sunday kind of love

era domingo e era tudo verdade. tudo beleza, paz, vento, luz. e nós dois, ali, abraçados durantes horas, imersos naquela água abençoada, flutuando feito folhas caídas, engilhados de amor novo. sem fazer barulho algum, rodopiamos num vai e vem infinito, trocando pernas e braços, nos observando, encantados. naquele dia, festejamos horas e horas, em silêncio bendito, aquele alinhamento.

meu docinho, obrigado por ter reconhecido quando o amor se apresentou meio destrambelhado. assim, meio sem convite.

6.11.10

o espelho de j.g.r.

Tudo, aliás, é a ponta de um mistério. Inclusive, os fatos. Ou a ausência deles. Duvida? Quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo.

14.10.10

duas vidas

ele e ela um dia acordaram e levaram um susto, não esperavam por isso. justo agora? que os filhos, já crescidos, haviam deixado os dois ali, no cantinho deles. e agora? eles não conseguiam acreditar, acordaram encarnados em dois velhos. haviam deixado o tempo passar assim, bestamente. sem o amor e sem um pingo de loucura. foram duas vidas inteiras no escuro. esperando apenas o dia acabar. só para começar outro e depois acabar de novo. eles nunca entenderam que essa existência só vale a pena quando se ama alguém muito, demais, lindamente. que toda dor só é suportável quando se ama com sorriso grande, com abraço e beijo beijado com gosto de beijo, com cafuné, cangote e pé com pé. viver é mesmo muito perigoso. viver é um segundo. mas o que será que eles dois fizeram com todos aqueles domingos? com tantas tardes ensolaradas, com os dias de céu azul bebê e todas as luas cheias? foram tolos e continuam abobalhados. andando por aí de olhos fechados, cegos, surdos, ansiosos por nem sabem o quê. deitados, noite após noite, um ali do lado do outro, mas sem a terra molhada. duros, estirados no seco, no mesmo, sem água, sem sol, em um abismo de coração. soluço: ei, você e você, amem! olhem no olho do outro, olhem de verdade, durante um sem fim de segundos, despidos de palavras. depois, sorriam, peguem na mão, sintam a textura, a pele, se beijem. namorem. se enamorem! que essa vida aqui só é bonita amando grande.


pequeno não vale.

26.8.10

ouvi hoje. achei bonito.

"[eu sou] aquela que implorou

pelos teus sonhos nos meus"

5.8.10

O amor é uma coisa boa

Com palavras, te aborreço. Ainda assim, repito insistente, me maltrato. Te digo, cada sílaba sua, meu amor, me marca em brasa.

Can-sa, você diz.

As letras voam descontroladas, esbarrando em tudo quanto é sentimento, e encostam aqui no meu ouvido.

En-ten-da, você repete.

Boba. Menina. Coisa.
Qualquer palavra solta no ar te emociona.

Enfim, determinada, decido. A letra não substitui o toque. A palavra pode até ser bonita, mas não conforta a alma inquieta. Amor é paz. Palavras são invenção. Então, pode entrar, invadir, espiar, chamar, gritar, espernear. Agora, sou só silêncio em movimento.

Do filtro, ainda escapole: "ô saudade daquele beijo".

17.7.10

Unfollow

Ando encontrando dificuldade em manter o balanço. A postura esguia, elegante. É gente demais, palavra, ideia, mentira, coisa, causo, coisas. Um exagero. Muita energia na qual não vale nem a pena vibrar. Vou continuar tentando, insistente, não carregar nas costas mais do que aguento levar sozinha durante a viagem.


Já é hora de descarregar, de desapegar.

13.6.10

Grama molhada

Hoje, pleno fim de domingo, quase meia-noite, lembrei que tinha esquecido no porta-malas do carro umas coisinhas que iria precisar ainda muito cedo no dia seguinte. Fiquei logo com preguiça, já era tarde. Quase que imediatamente, me imaginei tendo que fazer isso assim que acordasse e essa cena foi um pouco mais desagradável. Desci então, munida de todas as minhas chaves e toda a minha coragem, mas só quando abri a porta de casa foi que percebi, estava descalça. Fui. Mesmo. Assim. Me aventurei.

Meus pés sentiram logo a grama húmida, aquele molhado se metendo por entre cada dedo, uma verdadeira mágica da natureza, orvalho, negócio de condensação. Uma delícia. A primeira e única coisa que consegui pensar foi: no dia que tivermos a nossa grama, eu vou fazer questão de andar descalça nela com você, de mãos dadas, no nosso quintal orvalhado. Não, não só andar, melhor, bem mais. No final do dia, iremos nos deitar, jogados de corpo inteiro, nessa grama encantada, fértil, mãe, olhar para cima e ter a breve certeza de que tudo está exatamente onde deveria estar. Em casa.

Paul, I think I'm gonna be a lousy wife. But don't be angry with me. I love you very much - and I'm very sexy!
Corie Bratter em "Barefoot in the Park", 1967

30.5.10

dois amores


rafaelzinho e pedrinho

19.5.10

Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo

"galega, bom dia. bom dia, meu amor.

hoje é dia 28 de outubro, dia do funcionário público. em fortaleza ninguém trabalha na repartição e eu aqui nesse torrão seco dando um duro danado. faltam 27 dias e 12 horas pra acabar a viagem, parece uma eternidade. do dia que eu saí de fortaleza até aqui quase não vi ninguém na estrada, fico com o rádio ligado, pensando em você a viagem toda e só. chega me cansa de tanto pensar em ti.

hoje parei no posto e vi uma coisa pintada na parede. meio hippie, nem tinha reparado. quando saí é que me caiu a ficha da frase que tava escrito: viajo porque preciso, volto porque te amo."




17.5.10

G. Rosa

"O mundo é mágico.
As pessoas não morrem, ficam encantadas."

* escuta aqui

15.5.10

Gimme More!

"Ainda é pouco, muito pouco." Lembro que quando eu li isso pela primeira vez, achei uma injustiça com o nosso amor. Hoje, eu tenho certeza de que realmente era pouco. Era quase nada. Girl, you're gonna carry that weight. Carry that weight a long time.

Medéia

Um símbolo feminino cruel, chocante, bizarro, mas ainda assim real, atual. Uma mulher que ama. Enlouquece, trai e mata por amor. Este mito foi sempre um dos que mais me intrigou, apesar do certo asco que me causa. A história segue mais ou menos assim:

O herói, Jasão, chega na cidade onde Medéia mora, Cólquida, decidido a tomar para si o tal do velocino de ouro. Basicamente, o velocino era a lã de ouro do carneiro alado Crisómalo, um símbolo sagrado. Medéia faz tudo para ajudar Jasão a conquistar o tesouro desejado. Tudo, tudo. Tudo. Acaba roubando o velocino para Jasão e fugindo com o amado. Pensando na fuga dos dois, Medéia decide levar o irmão com eles. No caminho, mata-o e despedaça-o, assim a sangue frio mesmo. Deixa o irmão em picadinhos. Depois, vai jogando pouco a pouco os restos mortais pelo caminho. Sabia que seu pai, que tentaria alcançá-los, teria que recolher cada pedaçinho do corpo do filho para lhe dar uma sepultura merecida. A macabra da Medéia consegue fugir com Jasão e os dois seguem para Corinto. Lá, passa-se algum tempo e ela chega a ter dois filhos com o louco amor. Mas a sua felicidade é breve. O Rei Creonte, sabe-se lá por qual motivo, implica com a louca da Medéia e convence Jasão a repudiá-la e a casar-se com sua filha, a Creúsa. Coitada da pobre da Creúsa. Ló-gi-co: morre envenenada pela doida. Medéia, irada, possuída de toda a raiva do mundo, de forma fria e premeditada, resolve, então, vingar-se ainda mais de Jasão. Carregada de amor e ódio, mata os dois filhos que teve com ele. Depois do infanticídio, Medéia foge para Atenas. Lá, casa-se com o Rei Egeu, com quem tem um filho. Esse filho, ela batiza de Medo.

"A vida é como um sonho; é o acordar que nos mata." V. Woolf

4.5.10

♥♥♥ ♥♥ ♥♥♥♥

"Okay, life's a fact, people do fall in love. People do belong to each other, because that’s the only chance anybody’s got for real happiness. You call yourself a free spirit, a wild thing, and you’re terrified somebody’s going to stick you in a cage. Well baby, you’re already in that cage. You built it yourself. And it’s not bounded by Tulip, Texas, or Somali-land. It’s wherever you go. Because no matter where you run, you just end up running into yourself."

* Paul Varjak @ Breakfast at Tiffany's

27.4.10

straight from the Bible

ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal
que mudam as trevas em luz e a luz em trevas
que tornam doce o que é amargo, e amargo o que é doce
ai daqueles que são sábios aos próprios olhos, e prudentes em seu próprio juízo
ai daqueles que põem sua bravura em beber vinho, e sua coragem em misturar licores
daqueles que, por uma dádiva, absolvem o culpado, e negam justiça àquele que tem o direito a seu lado
por isso, assim como a palhoça é devorada por uma língua de fogo,
e como a palha é consumida pela chama,
assim a raiz deles sucumbirá na podridão
e sua flor voará como a poeira

24.4.10

A distância

tem uma mania feia de esquisitar as coisas.

Hoje é dia de Alice.

- Gatinho de Cheshire (...) Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para ir embora daqui?
- Isso depende muito de para onde quer ir - respondeu o Gato.
- Para mim, acho que tanto faz... - disse a menina.
- Nesse caso, qualquer caminho serve - afirmou o Gato.
- ... contanto que eu chegue a algum lugar - completou Alice, para se explicar melhor.
- Ah, mas com certeza você vai chegar, desde que caminhe bastante.
- Mas eu não quero me meter com gente louca - ressaltou Alice.
- Mas isso é impossível - disse o Gato. - Porque todo mundo é meio louco por aqui. Eu sou. Você também é.
- Como pode saber se sou louca ou não? - disse a menina.
- Mas só pode ser - explicou o Gato. - Ou não teria vindo parar aqui.

*
Lewis Carroll

13.4.10

Replay: Sedenta por Totalidade

Os objetos materiais sólidos da física clássica se dissolvem no nível subatômico, em padrões de probabilidades semelhantes a ondas. Além disso, esses padrões não representam probabilidades de coisas, mas sim, probabilidades de interconexões. As partículas subatômicas não têm significado enquanto entidades isoladas, mas podem ser entendidas somente como interconexões, ou correlações entre vários processos de observação e medida. Em outras palavras, as partículas subatômicas não são “coisas” mas interconexões entre coisas, e estas, por sua vez, são interconexões entre outras coisas, e assim por diante. Na teoria quântica, nunca acabamos chegando a alguma “coisa”; sempre lidamos com interconexões.

É dessa forma que a física quântica mostra que não podemos decompor o mundo em unidades elementares que existem de maneira independente. Quando desviamos nossa atenção dos objetos macroscópicos para os átomos e as partículas subatômicas, a natureza não nos mostra blocos de construção isolados, mas, em vez disso, aparece como uma complexa teia de relações entre as várias partes de um todo unificado.

* Fritjof Capra em A Teia da Vida.